Pular para o conteúdo principal

Doutor Estranho - Crítica


Saudações escapistas do meu Brasil!
Já se passaram oito anos desde que a Marvel renasceu das cinzas, dando vida a franquia cinematográfica mais lucrativa que qualquer adaptação de best-seller. Foi um longo caminho do primeiro Homem de Ferro até Doutor Estranho, mas a editora deixa claro que, embora já tenha mostrado muito nas telas, não teme a eminente saturação e ainda tem alguns trunfos na manga.

Sinopse: Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) leva uma vida bem sucedida como neurocirurgião. As coisas mudam completamente quando sofre um acidente de carro e fica com as mãos debilitadas. Devido a falhas da medicina tradicional, ele parte para um lugar inesperado em busca de cura e esperança, e encontra um misterioso enclave chamado Kamar-Taj, localizado em Katmandu. Lá descobre que o local não é apenas um centro medicinal, mas também a linha de frente contra forças malignas místicas que desejam destruir a realidade. Ele passa a treinar e adquire poderes mágicos, mas precisa decidir se vai voltar para sua vida comum ou defender o mundo.

Ao primeiro olhar, Doutor Estranho parece mais uma tentativa da Marvel de trazer ao cinema heróis menos conhecidos do grande público, para assegurar o seu Império de bilheterias por mais alguns anos. Entretanto, o filme de Scott Derrickson não é só mais uma aventura divertida da apelidada fórmula Marvel; É uma obra um tanto instigante que salpica com êxtase o arco-íris do MCU.

Doutor Estranho é proporcionalmente ousado. Embora a estrutura narrativa do filme possua os aspectos típicos da usada e reutilizada jornada do herói, o filme mostra ousadia no abraço ao nonsense. Sem vergonha de ser quadrinho demais para o cinema ou de se perder em histórias que não parecem transmidiáticas o bastante para o mercado. É o paradoxo da ousadia calculada, que passa tímida mas não despercebida dos padrões da fórmula Marvel.

É nessa ousadia psicodélica que um dos pontos altos do filme se destaca. A direção de arte está incrível, sejam nos cenários que se distorcem ou nas roupas coloridas que quando colocadas lado a lado em relação ao mundo "normal" parecem brilhar. A paleta de cores é berrante, guiando de forma incrível o telespectador no clima psicodélico típico dos anos 70; e esse arco-íris lindamente decorado faz com que o uniforme do Doutor Estranho seja um dos mais bonitos de todos os super-heróis do cinema até agora.

Aliado à direção de arte, os efeitos visuais são de encher os olhos. As lutas e passagens surpreendem qualquer telespectador. A Marvel pode, sem dever a ninguém, ser ao menos indicada à categoria no Oscar 2017. O 3D, entretanto, não consegue encontrar o seu espaço de forma satisfatória nessa beleza, mesmo não sendo de todo ruim; Apenas acaba se tornando decepcionante por todas as possibilidades de espetáculo visual perdidas. Como explicar? O 3D é decente embora decepcionante, mas vale o preço do ingresso.

O ritmo do filme é eufórico. O roteiro é muito fluído e tem pressa em tudo, levando a uma divisão bem democrática do tempo de tela: Ninguém tem muito. Seja na ação ou mesmo na resolução da trama. O que pode parecer algo bom - já que torna o filme bastante divertido -, acaba incomodando um pouco porque, e a mão do diretor de filmes de terror pesou aqui, tudo parece ter uma urgência maior do que de fato tem, levando a um problema de assimilação.

Deu realmente tempo de ver o quão arrogante Stephen Strange era antes do acidente? Deu realmente tempo dele aprender a fazer todas aquelas magias? Ué, o filme acabou? Até o incrível Mads Mikkelsen e seu vilão Kaecilius ficam apagados na trama por falta de tempo, acabando por perpetuar o já conhecido problema da Marvel com vilões: Eles não são envolventes o bastante. Com exceção de Loki, claro.

Esses problemas, entretanto, não tiram do roteiro o seu mérito de apresentação, mensagem e referência. O filme traz um conjunto de personagens afetados diante das próprias limitações. Sejam eles mestres, como a anciã de Tilda Swinton ou aprendizes, como o próprio Stephen Strange (Benedict Cumberbatch confortabilíssimo no papel), trazendo ao Universo Marvel uma discussão incomum nas suas tramas: a morte.

Doutor Estranho se liga muito bem ao MCU e cumpre perfeitamente a função de apresentar o lado místico do Universo Cinematográfico da Marvel (Coisa que Thor deveria ter feito), em preparação à Vingadores 3. É um bom caminho pelo qual a Marvel se arrisca em sua terceira fase nos cinemas, entretanto, o universo expandido da editora precisa expandir a sua ousadia se deseja continuar no topo.


NOTA:

BOM

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

La La Land - Crítica

Saudações Escapistas do meu Brasil! Eu tenho uma queda por musicais. Contar uma história usando a música como elemento me fascina de uma maneira que não consigo explicar. Acho que basta dizer que três, dos meus cinco filmes favoritos, são musicais. Acredito que o gênero tem uma maneira muito peculiar de desenvolver suas narrativas, fascinando e deslumbrando o telespectador a todo momento, o que acaba exigindo muito daqueles que o fazem. De diretor, a ator. Por isso, foi com muita alegria que recebi a ideia de La La Land - Cantando as estações, antes mesmo do filme ganhar (07) mais globos de ouro (SETE) do que qualquer outro filme (Seven) na história da premiação (siete). Sinopse: Ao chegar em Los Angeles o pianista de jazz Sebastian (Ryan Gosling) conhece a atriz iniciante Mia (Emma Stone) e os dois se apaixonam perdidamente. Em busca de oportunidades para suas carreiras na competitiva cidade, os jovens tentam fazer o relacionamento amoroso dar certo enquanto perseguem fama

Descobertas da Semana #1

Saudações escapistas do meu Brasil! Uma semana acaba sendo muito tempo para alguém viciado em conteúdo de entretenimento, não é? A gente tenta - e falha lindamente - colocar as séries e a leitura em dia, ir assistir nos cinemas a estreia daquele filminho tão esperado e encontrar uma banda bem legal na internet para ouvir enquanto procrastinamos. Pensando nisso, resolvi criar essa série para postar aqui, não necessariamente semanalmente, pequenas indicações em cada seguimento do blog - séries, livros, música e filmes - do que eu for descobrindo por esse mundão aí à fora. Brace yourselves, post grande à frente . Série Bojack the Horseman - Netflix Considerando a quantidade de memes e citações que circulam sobre essa série na internet, o fato de que eu finalmente criei vergonha e assisti não exatamente classifica como uma descoberta, não é mesmo? No entanto, precisamos falar sobre BoJack. Precisamos . Sério. Muito . Criada pelo novato Raphael Bob-Waksberg, BoJack

Aleatoriedades Aleatórias: Amizades também podem ser abusivas

Saudações Escapistas do meu Brasil! Em algum lugar entre o Lakka com Oreo e a Netflix, fazer amizades está no Top cinco de melhores coisas do mundo. A vida social é uma grande parte da rotina de qualquer pessoa. Mesmo quem se isola do mundo para ver séries como eu, não consegue evitar se meter no meio de algum grupo e acabar conectando-se com alguém. Entretanto, o ser humano consegue estragar até as melhores coisas e algumas amizades acabam virando verdadeiros jogos de poder, tornando-se um relacionamento abusivo. Os relacionamentos abusivos são qualquer relação onde um mantenha controle sobre o outro, abusando-o moralmente. As pessoas geralmente só enxergam esse tipo de situação em casais nos quais um agride ao outro, mas a violência que a vitima de uma relação abusiva sofre vai além do físico, não significando necessariamente que quem não apanha não sofre; Os abusos também se dão por meio de ofensas, pressão psicológica, intimidação e ameaças verbais.  Qualquer