"Melhor série de todos os tempos". Gritam fãs impressionados nos quatro cantos da Internet. Com índices de audiência cada vez mais altos, Game of thrones adentra o panteão de gigantes como Lost e Breaking Bad antes mesmo do seu final... Mas será que a sétima temporada do seriado mais comentado e pirateado da atualidade resiste a tanto hype?
O inverno chegou. A augorenta frase que previa tempos difíceis para os protagonistas de Game of thrones estava tão certa quanto um conselho de mãe e parecia que todos, telespectadores e personagens, iriam sofrer agonias sem fim. A intricada trama do seriado iria convergir em uma bombástica história de proporções épicas.
Bem... expectativa vs realidade.
Bem... expectativa vs realidade.
Em seu sétimo ano, a trama de Game of thrones é um paradoxo. De um lado, a trama atinge ares cada vez mais grandiosos, enchendo os olhos do telespectador. Do outro, atropela-se em desenvolvimentos sem sentido e apressa soluções para deixar seus personagens "na cara do gol" para o grande final. Essa paradoxo cria complicações que permitem que acontecimentos grandiosos e antecipados sejam jogados e sem peso dramático.
É como se storyline cuidadosamente construído ao longo de seis temporadas pouco importasse. E a frente de uma ameaça gigante como os caminhantes brancos, nada importa mesmo. O problema está na forma como essa narrativa se constrói: Tudo é muito tenso, embora se dialogue. Muito urgente, embora se espere. Muito necessário, embora nada demais se perca.
É como se storyline cuidadosamente construído ao longo de seis temporadas pouco importasse. E a frente de uma ameaça gigante como os caminhantes brancos, nada importa mesmo. O problema está na forma como essa narrativa se constrói: Tudo é muito tenso, embora se dialogue. Muito urgente, embora se espere. Muito necessário, embora nada demais se perca.
Dentre tantos vilões para esse demérito, pode-se culpar a pressa. Sete episódios é muito pouco para a história que precisavam contar desenvolver-se de maneira satisfatória. A maioria dos núcleos-chave não tiveram o tempo preciso em tela, o que tornou a evolução dos personagens superficial demais para engolir.
A trama consegue enxugar seus núcleos com a reunião de personagens que o público há muito desejava ver juntos: Daenerys e Jon, os Starks, Cersey e Ellaria Sand. Essa correspondência de expectativa foi de uma grande harmonia para o seriado e os seus telespectadores, entretanto trilhou o perigoso caminho do fanservice. Não que tenha nada de errado com agradar os fãs, mas dessa vez, no entanto, o resultado foi uma trama dois tantos preguiçosa e mais alguns tantos previsível.
A trama consegue enxugar seus núcleos com a reunião de personagens que o público há muito desejava ver juntos: Daenerys e Jon, os Starks, Cersey e Ellaria Sand. Essa correspondência de expectativa foi de uma grande harmonia para o seriado e os seus telespectadores, entretanto trilhou o perigoso caminho do fanservice. Não que tenha nada de errado com agradar os fãs, mas dessa vez, no entanto, o resultado foi uma trama dois tantos preguiçosa e mais alguns tantos previsível.
Da mesma forma como nem tudo são flores, nem tudo é também espinhos. O seriado sustenta um pouco a sua conhecida qualidade ao entregar momentos memoráveis na trama. Embora jogadas de surpresa no meio da narrativa, a forma como não é fácil derrubar os Lannisters ou o Rei da noite, mesmo com três dragões e um exército, mostra que há ainda algum pavio para queimar na última temporada.
Não dá pra negar também que a convergência de núcleos e batalhas bem coreografadas deram à 7ª temporada de Game of thrones um gás a mais por apresentar a qualidade técnica mais cinematográfica que o público já experimentou em um seriado. É realmente impossível não se apaixonar com tanta beleza: A fotografia da série está impecável, a direção de arte consegue muito mais do que nos apresentar a chegada do inverno, exibindo sua crueldade. Os efeitos especiais dão gosto de se ver e os episódios e a pressa do roteiro dá aos episódios um tom de urgência que os torna tão envolventes que é impossível não se encontrar à beira da cadeira imaginando os possíveis desdobramentos... mas o maior mérito desta temporada de Game of thrones é exatamente esse: técnica.
Quando saímos do campo técnico, as coisas se complicam um pouco e a série se perde ao entregar soluções cada vez mais fáceis a problemas cada vez maiores. O que é um grande anti-climax quando, mesmo após sete anos, se consegue deixar o público roendo as unhas, não é mesmo? É a máxima da evolução do personagem: cada batalha precisa ser mais difícil que a anterior. Os roteiristas até entendem essa parte, mas preferem seguir aqui um outro tipo de regra: O deus ex machima.
Sabe quando um personagem está à beira da morte por sua conta e risco, na situação mais complicada e encurralada da história, mas é salvo facilmente no último minuto de uma forma totalmente inusitada, previsível e simples? A sétima temporada de Game of thrones foi uma sucessão de momentos assim. Momentos que a série nos ensina a evitar e detestar desde a morte de Ned Stark, na primeira temporada. Momentos nos quais o brilho do roteiro outrora rico e inteligente, se apaga, substituído por um roteiro raso e previsível.
Embora não mantenha o nível de suas antecessoras, a sétima temporada de Game of thrones tem seus méritos. Ação, aventura e senso de urgência permeiam a trama alimentada por fantasias de fãs, que vacila um pouco em alguns pontos chave, exibindo em tela claros sinais de cansaço. D&D podem até saber como termina a trama iniciada por George R. R. Martin, mas não parecem saber muito bem o que fazer com ela.
Comentários
Postar um comentário