Saudações escapistas do meu Brasil!
Eu adoro uma polêmica. Vivo exclusivamente por aquele momento no qual alguém toca no assunto delicado da vez e o mundo explode em opiniões; Contrárias, favoráveis, enfim... O importante é discutir porque por mais que a gente queira, o mundo não é essa bolha onde todo mundo concorda com todo mundo, não é mesmo? No entanto, o que me deixa com raiva a ponto de virar o Hulk é quando as pessoas usam desse lindo poder de expressão que temos para disseminar e perpetuar preconceitos.
É o que está acontecendo com Moana, a mais nova princesa da Disney. Uma mãe brasileira ganhou a internet após sugerir um boicote ao filme só porque, vejam bem, após assisti-lo com os seus filhos, detectou conceitos de religiões pagãs na história e na personagem, que é de uma tribo Polinésia. Para ela, não importa quantas mensagens de força, coragem e não aceitação de limites impostos por outros o filme passa - ele é terrível porque a personagem principal tem uma escolha religiosa diferente daquela que a mulher considera ideal.
A polêmica foi logo no lançamento do filme, o que já faz algum tempo. Entretanto, só estou falando nisso agora porque eu queria ter a oportunidade de assistir para dar ao menos o beneficio da dúvida a tanto ódio. Pessoas que ainda tem fé na humanidade me add. Mas sinceramente, quanta bobagem... Claro que eu, pai de um gato apenas, não tenho nada a dizer sobre educação familiar ou sobre como as pessoas devem viver as suas vidas, mas o que me incomodou profundamente a ponto de escrever sobre isso, foi a ideia de que um filme, principalmente um filme infantil, deve ser boicotado porque mostra uma cultura diferente da nossa.
Percebe o peso dessa mensagem? É não só intolerância religiosa, como pura xenofobia: Culturas diferentes devem ser silenciadas. Caramba, logo aqui na América onde, pensando exatamente assim, outros países invadiram o nosso espaço, nos moldaram em seus conceitos culturais e diminuíram a nossa cultura a ponto de destruí-la quase inteiramente?
Culturas importam, caros leitores. Não é a coisa mais legal descobrir que algo que você faz diariamente, alguém do outro lado do mundo também faz porém de forma totalmente diferente? Não é legal conversar com alguém de outro país e descobrir que fatos que para nós são corriqueiros, para outros são coisas inusitadas? Tudo isso é cultura, e eu realmente não acredito que vou recorrer a esse clichê, mas elas dizem quem somos e quem fomos. É a nossa expressão e a nossa história, e ela deve ser preservada.
Filmes como Moana, Mulan ou até a Princesa e o Sapo são importantíssimos para que as crianças entendam que conviver com culturas diferentes não só é possível, como necessário. Podendo, inclusive, aprender com essas culturas. No filme, alguns conceitos Polinésios são ensinados de forma bem lúdica e básica, evitando comparação cultural. Essa educação é uma proposta muito bonita, que possibilita, por exemplo, que quando essas crianças cresçam não tentem boicotar um filme porque nele o feijão é colocado por cima do arroz.
Claro, acreditar que um filme infantil vai competir com mais de 500 anos de doutrinação e propaganda é ingenuidade, mas são a principal forma de não só para mostrar às crianças que culturas diferentes existem e que está tudo bem, mas pela questão da representatividade - Será que todo mundo no mundo é loiro do olho azul como a Cinderela ou a Elsa? Faz bem para o público se ver no seu herói e parte desse público descende de negros, chineses e polinésios, tendo a sua cultura como mais do que uma mitologia.
Então, caros leitores. Porque não aprender a nobre vocação da tolerância? A coisa mais bonita sobre esse mundo tão grande é a variedade que ele possui e mais cedo ou mais tarde, por mais enfiado no grupinho de pessoas iguais a você que você esteja, irá se deparar com essas divergências. O mundo é grande e nem todos são iguais - só agora e bem aos poucos, o cinema começa a compreender isso. Celebremos esse fato ao invés de condená-lo.
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