Saudações escapistas do meu Brasil.
Alguns filmes são injustiçados pelo mercado cinematográfico. Infelizmente, é comum que em meio a tantos blockbusters, o lado mais artístico passe despercebido do público. Mas toda temporada de premiações traz a luz gratas surpresas que são assistidas e celebradas como merecem. E esse foi o meu caso com Moonlight, eu lamento informar. Eu sequer sabia da existência dessa obra prima que saiu nos EUA no fim de outubro e só agora chegou aos cinemas brasileiros, até ver os indicados ao globo de ouro. No entanto, como eu disse, essa temporada sempre traz gratas surpresas. Moonlight com certeza é uma delas.
Eu passei muito tempo sem saber direito como começar essa crítica, de tão tocante que esse filme é, até perceber que isso era apenas mais um dos muitos méritos da obra. Moonlight é um daqueles filmes no qual a ausência de palavras, diz mais do que a fala em si. O personagem Chiron, por exemplo, é cheio desses diálogos silenciosos em que a poética flui, totalmente aberta a interpretação do telespectador.
Vemos isso muito bem no "Quem é você, Chiron?" questionado por um personagem de Moonlight ao seu protagonista. A pergunta, embora não seja feita no começo do filme, perdura durante toda a sua exibição e é uma das características mais marcantes do roteiro, em suas ausências. Nem ele mesmo sabe quem é, embora as pessoas passem o filme inteiro o definindo. É instigante, para dizer no mínimo, a pesada proposta de auto conhecimento e solidão do filme.
O roteiro consegue carregar essa ideia muito bem através do crescimento - literal e figurado - do personagem. Com a vantagem de ser simples nessas propostas, mas extremamente complexo na forma de desenvolvê-las. Multifacetado, sem ser exagerado, Moonlight se desenvolve de forma simplista e expositiva. Sem jogar informações demais na cara do telespectador, ao tempo em que não duvida de sua inteligência.
Não é simples, tampouco fácil fazer os questionamentos e discussões que Moonlight propõe. Há um personagem negro, pobre e gay que se choca a todo momento com a realidade onde vive mas que não sabe muito bem como lidar com isso além de seguir em frente. A jornada de Chiron entre garoto e homem recebe poucos questionamentos além daqueles impostos a ele e isso só faz com que os conflitos que implodem a todo momento no filme tenham uma carga dramática bem mais pesada.
As excelentes atuações que esse filme entrega só aumentam e agem como um potente condutor a essa carga. Sejam em nomes mais conhecidos, como os personagens coadjuvantes de Naomie Harris (que dá uma aula de atuação) e Mahershala Ali (que levou um globo de ouro pelo filme) ou em Trevante Rhodes, Ashton Sanders e Alex R. Hibbert.
A direção de Barry Jenkins é simplesmente incrível. Sua fórmula, embora longe de inédita discorre de forma tão sútil e adorável que a crítica mais comum de quem não gostou do filme é que em Moonlight nada acontece.
As excelentes atuações que esse filme entrega só aumentam e agem como um potente condutor a essa carga. Sejam em nomes mais conhecidos, como os personagens coadjuvantes de Naomie Harris (que dá uma aula de atuação) e Mahershala Ali (que levou um globo de ouro pelo filme) ou em Trevante Rhodes, Ashton Sanders e Alex R. Hibbert.
A direção de Barry Jenkins é simplesmente incrível. Sua fórmula, embora longe de inédita discorre de forma tão sútil e adorável que a crítica mais comum de quem não gostou do filme é que em Moonlight nada acontece.
Poeticamente dosado, Moonlight é um Pulp Fiction de um personagem só. Barry Jenkins consegue algo extraordinário ao trabalhar a evolução de facetas e personalidades com sutileza e delicadeza. Não há outra forma de descrever: Moonlight não é só o filme que se quer ver, mas o que se precisa assistir. É drama em sua melhor forma.
Nota:
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Confira o trailer do filme:
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